Friday, April 25, 2008

Liberdade

Um momento de grande liberdade: Cortar relva com uma máquina de barbear.

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Monday, April 21, 2008

Madame Godarde

Guimarães, Café Concerto, CCVF, 2008

Madame Godarde não é mau. Não é nada mau mesmo!

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Monday, April 14, 2008

A Loucura

... Só se ama por interesse. Não se ama um corpo disforme.
Mário de Sá-Carneiro

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Monday, April 07, 2008

Animais de trazer por casa

Hoje vive-se nas cidades, mais rapidamente. É mais cómodo, ninguém prescinde da TV cabo do cafezinho e pastelinho ali à mão, do quiosque com a revista Maria sempre disponível ou a Playboy exibindo regalados seios. É basicamente mais fácil, prático e simples. No meio desta facilidade toda há, no entanto, quem ouse adoptar costumes mais ligados àqueles que, como eu, vivem na pasmaceira do campo…
A grande maioria das pessoas que vou conhecendo usam prender animais nos seus apartamentos. E ele há-os para todos os gostos e combinações!, desde periquitos a cães, de ratos a sardaniscas. Eu, que nutro especial simpatia por animais, não concebo que o seu espaço de liberdade não seja a natureza mas o 11º esquerdo, trás.
De todos os cenários disponíveis, o que mais me traumatiza é a tipologia T1 + Gato. É que os cabrões dos gatos têm poder de análise! Têm ar de quem está ali a tirar notas, a tomar conta das ocorrências. “Ora bem, entrou no apartamento à 1:35 da manhã, do fuso horário Greenwich Mean Time, note-se! Vestia ganga da cinta para baixo e calçava uns sapatos em bico, pretos. Da cinta para cima para além do pullover de padrões suaves, trazia um blazer escuro, qual ganster italiano de meia-idade”. “Depois”, continua, “Entrou no quarto 33 segundos depois, 1:35:33, portanto, passando o interlocutor a ficar fora do meu raio de observação durante uma hora 16 minutos e 3 segundos, no entanto posso reportar ruídos muito estranhos vindo do seu interior”, e por aí fora. Eu, no que me toca, não confio nadinha nem em gatos nem em nenhum dos seres que se dedicam às análises, como psicólogas, videntes e bruxas.
A tipologia Duplex + Cão, muito encontrada na habitação portuguesa, é mais aceitável, no entanto, é ainda menos praticável que a tipologia referida anteriormente. Um cão é muito mais frontal e menos formal. Uma pessoa entra no apartamento e vê logo se o cão gosta ou não de nós. Basta olhar-lhe nos olhos para nos apercebermos se estamos ou não a arriscar uma mordidela. As motivações dos cães são tão límpidas como a água de uma nascente. Não estando ali para reportar ocorrências são, contudo, uns seres relaxados em demasia: Não se coíbem a se largarem imputando as culpas às visitas da casa.
O aquário está para o T0 como o aeroporto estaria para a OTA: É meter um mar de água numa caixinha. Quando os peixinhos estão em casa de amigos meus fujo logo! Peixinhos são coisas de senhora. Trazem ainda mais tranquilidade do que um São Bernardo num duplex. Assim, “T0 + Aquário” é recomendável e só aceitável quando enquadrado com uma biotipologia “Morena + 27 anos”.
Ainda na área Enjaulados há a versão canários e outros bichos pequenos e com asas, são os T0 + Pássaro ou Passarinha. Os pássaros não fazem bolinhas mas criam muito mais barulho e lixo que os peixinhos dentro de aquariozinhos. São uma versão mais masculina e barulhenta de T0 ou Forrinhos + Aquário, no entanto, tal combinação deixa-me ainda assim ficar com um pé ou os dois atrás quando nessa tipologia de habitação não encontro no mínimo uma Loira + 28 anos.
Os Papagaios, que não fazem fretes como os canários, são uma espécie de gatos sem disfarce. São o Sherlock Holmes sem jaqueta nem lupa. Depois os papagaios têm um ponto a favor que é não se movimentarem livremente pela casa. Têm por norma uma corrente atada a uma das patas, o que dá aos visitantes uma certa sensação de tranquilidade. É claro que os papagaios cometem inconfidências que os gatos não podem cometer - nunca vi gato algum chamar-me por Joaquim ao entrar nestas habitações – mas, com aquela corrente não corremos pelo menos o risco corrente de sermos arranhados pelas costas.

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Friday, April 04, 2008

Conversas de rapazes II (desta vez por SMS)

“Um dia estranho!
As boas notícias: A minha irmã já não tem que ser operada; Deram-me um Golf.
As más notícias: Mesmo com medicamentos a minha tensão continua alta; Estou no hospital, bati com violência com o nariz numa porta, talvez tenha que ser operado, estou a aguardar.”

Acho engraçado e chego mesmo a admirar a forma como o meu amigo cria modelos de compensação equilibrados para aquilo que a natureza lhe vai dando.
Da última vez que meditei sobre o equilíbrio da natureza na minha vida foi em Janeiro último quando me assaltaram o carro. Estava furioso por dois motivos: a acção do mãozinhas leves que me obrigou a cancelar todos os meus cartões e a pedir segundas vias de documentos pessoais; o meu descuido de tóto de cabeça na lua por me esquecer do carro aberto!
Furioso, pensei: Como a natureza é injusta!
Depois, ainda no mesmo dia, ao chegar a casa, verifico que não tenho água. Tentando compensar ou antevendo que a natureza não podia ser tão injusta comigo, criei a hipótese de haver uma quebra no fornecimento da electricidade. Qual quê! Tinham-me roubado a bomba de água que abastece a minha casa!
Se conseguisse criar modelos de compensação equilibrados como o meu amigo iria suspirar dizendo: Ufa!, ainda bem que só me roubaram os documentos, os cartões de crédito e a bomba que abastece a minha casa de água. Seria pior se me levassem o carro, a televisão e o frigorífico.
Digo isto porque, conhecendo o meu amigo como conheço, espero um próximo SMS ou um encontro onde ele de tala no nariz me irá dizer: Ainda bem que parti e fui operado ao nariz, conheci uma enfermeira de sonho! A ver...